sábado, 13 de junho de 2015

Festas no Caput

  

Os Toxicosplasmoses: Festa de fim de ano no Caput! Um momento emocionante do lançamento mundial da banda "Os Toxicosplasmoses". A banda era composta pelos psicólogos e psiquiatras do Caput, que quiseram homenagear os adolescentes que fazem tratamento na instituição - nesse dia, estavam presentes 44 deles -, com sua música.
O carinho foi bem recebido, já a música...
(segundo alguns meninos, aquilo era "rock 'n' Roll, música de velho")




Depois do show dos Toxicosplasmoses, um bailinho, que ninguém é de ferro...




Já a festa "Mil Fita Caput Fest" foi um encontro para assistir ao primeiro filme produzido pela oficina de Cinema do Caput, "Fantasma", do Gustavo Jardim. 


Tem mil problemas, mil fitas, mil capa pra embaçar

Mil bala pra atirar, mil revólver pra comprar
Mil quilos pra vender, mais de mil pra vim pagar
Vi uns mil morrer assim, mil motivos pra parar




O encontro fora da rotina da instituição, em uma festa, apresenta e revela outras formas de sociabilidade, outras facilidades de expressão. Quem nunca fala, canta. Quem não se mexe, dança. Quem não é nada, pode se sentir um MC. 


Por estar ligada a algo do desregramento de todos os sentidos, a adolescência é o tempo da criação, da arte, o tempo em que o jovem sujeito tenta encontrar aquilo que de seu ser pode se traduzir à sua maneira.

Como um corpo enoda a linguagem?

Como o adolescente lida com os efeitos do encontro do sujeito com o desejo sexual?

Qual é sua margem de manobra entre os sobressaltos que surgem e a herança de sua infância?

[questões do Lacadée que nos vieram à mente durante a MIL FITA CAPUT FEST, que aconteceu no dia 8 de abril]



 


Não é à toa que os meninos do CAPUT se vinculam ao tratamento, que produz atos analíticos tão bem vindos, atos analíticos amorosos, advindos de um amor que nos faz não recuar diante do Real. Há uma coragem nessa equipe, que é fruto de um desejo de analista muito digno: um desejo que surge na beira do precipício, entre o Simbólico e o Real, um desejo que sustenta o laço social necessário para que esses jovens não sucumbam. 


(festa cubana no CAPUT: ritmos e sabores revolucionários)

O CAPUT é essa rumba, essa dança generosa que ativa a potência de vida. Assim seja. Saravá, Amém e Salve! Salve!

A festa, ato coletivo por excelência, é não só o elemento que enfeixa e organiza todos os acontecimentos do CAPUT, mas também o espaço privilegiado que arranca da destruição e da morte o tempo da experiência. Longe de comemorar uma memória imediata, a festa assinala um momento acima do tempo e da crise, possibilitando o resgate do irredimido e do irrealizado. Desde a tradição da poesia oral na Grécia arcaica, em que o canto do poeta instaura realidade ao mundo,encontramos Tália, a deusa festa - uma das musas, as filhas da Memória -, como condição social da existência da poesia.

"Uma festa é que devia de durar sempre sem-fim; mas o que há, de rente, de todo dia, é o trabalho" (Guimarães Rosa, "Uma estória de amor").

Ao trabalho, então, moçada! 

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